Dicas infalíveis para apresentação de trabalho acadêmico

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Está se aproximando o dia da apresentação da sua pesquisa e você está nervoso ou nervosa porque não sabe como deve ser uma defesa/qualificação ou tem medo de falar em público? Então você está no lugar certo! Nesse post irei te dar dicas infalíveis que desmistificam tudo sobre uma apresentação de trabalho acadêmico. Confira!

O que é qualificação e defesa de um trabalho acadêmico?

A qualificação (apenas para mestrado e doutorado) e defesa (TCC, mestrado e doutorado) consistem na apresentação de um trabalho acadêmico e é seguida por uma etapa de arguição pela banca, que é composta normalmente por professores (dois no mestrado e TCC e quatro no doutorado, sem contar com o orientador, esses números podem variar de acordo com o programa de pós-graduação). O que diferencia a qualificação da defesa é que a qualificação sempre acontece alguns meses antes da defesa e tem por objetivo tornar o trabalho ainda melhor para o momento da defesa.

Em uma qualificação ou defesa de mestrado e doutorado, o aluno tem 40± 10 min para apresentar o trabalho. Na etapa seguinte, de arguição, como o nome já diz, você vai defender a sua pesquisa das críticas da banca. Por isso é fundamental estar bem afiado(a) no trabalho desde a sua teoria até os desdobramentos do estudo.

E é natural que todo mundo fique nervoso quando vai falar em público, até os grandes professores e palestrantes falam que o friozinho na barriga também acontece com eles. Mas quando se sabe exatamente como o processo ocorre, você pode ficar “mais à vontade com a situação”. E é exatamente sobre isso que falarei nesse post.

O que os professores da banca buscam avaliar em uma defesa ou qualificação?

Nas defesas, busca-se avaliar três coisas: 1) capacidade de síntese, 2) argumentação e 3) didática do aluno.

1) Capacidade de síntese: Imagine, você apresentar o seu trabalho de 4 anos (para doutorado) em 40 minutos! Imaginou?

Para tal, é preciso ser claro, objetivo e falar de uma forma que as pessoas entendam a sua pesquisa.

2) Argumentação: A banca avalia também se o aluno sabe bem da teoria acerca do tema que ele está trabalhando. Ou seja, se ele sabe do assunto a ponto de conseguir argumentar e defender o seu trabalho das críticas apresentadas pela banca.

Para que você se saia bem nessas etapas, é importante ter participado de todas as etapas do estudo. 

3) Didática: A didática do aluno é medida pela forma com que ele apresenta a pesquisa prendendo a atenção da platéia e fazendo com que qualquer pessoa entenda a sua pesquisa. Sabendo dessas dicas, você já vai se sentir mais seguro ou segura e trabalhar a apresentação em cima desses três pilares (capacidade de síntese, argumentação e didática).

Para tal, é imprescindível saber o que é preciso para ter uma apresentação de sucesso e isso inclui o tipo de vestimenta, os slides e sobretudo a sua desenvoltura durante a apresentação. Vamos falar sobre cada um desses itens separadamente.

  • A vestimenta

A vestimenta correta faz parte do processo de uma apresentação de trabalho científico, que é uma ocasião formal. Onde deve-se evitar roupas com muito decote ou bastante coloridas.

Existem pessoas que sugerem roupas em tons pasteis, ou tons escuros, mas nada que chame mais atenção do que a sua apresentação.

Na área da saúde por exemplo, em defesas, é comum que as pessoas apresentem de jaleco, sobretudo na área da odontologia.

  • Os slides

Os slides, são elementos fundamentais na sua apresentação e você também é avaliado pela qualidade deles.

Então vamos ao que deve ter na sua apresentação de Power point ou Prezi (o Prezi faz apresentações belíssimas, mas se optar por ele, não exagere nas transições para não deixar a plateia perdida.)

  1. Formatação

O slide é o seu recurso visual, portanto, cada detalhe dele, pode fazer uma grande diferença na sua nota. A começar pela cor do slide.

O slide deve ter fundo claro com letra escura (ou fundo escuro com letra clara – lembre-se que quando projeta, a cor diminui um pouco – eu sugiro fundo branco com letra escura, pois os fundos das imagens e gráficos normalmente são brancos e se o fundo do slide for branco sobressai melhor na apresentação), tamanho da fonte, que deve ser de pelo menos 25, para que todos da sala consigam enxergar.

Tenha o cuidado de usar toda a tela do slide para expor as suas informações. Além disso, todo trabalho acadêmico tem aquela estrutura básica: introdução, revisão da literatura, objetivos, metodologia, resultados e discussão e conclusão. Veja o exemplo de um dos meus slides da defesa de doutorado:

Dicas infalíveis para apresentação de trabalho acadêmico 2
Observe que uso uma tabela para separar as sessões da apresentação (Introdução, Revisão da literatura, Objetivos, Metodologia, Resultados e Discussão e Conclusão – isso é bacana para situar o ouvinte em que parte da apresentação você está), uso frases curtas e distribuídas em tópicos (que facilitam que eu lembre do que é preciso falar), toda a extensão do slide é utilizada e as referências aparecem de forma discreta na parte inferior do slide.

Agora veja como não deve ser o seu slide:

Dicas infalíveis para apresentação de trabalho acadêmico 3
Esse é um exemplo de como o seu slide não deve ser. 1) Muito texto, com letra pequena e em tamanhos diferentes, numa cor difícil de ler; 2) Muito espaço vazio, ou seja uso inadequado do espaço do slide.

2. O slide é o seu guia, faça uso dele a seu favor

– Faça um roteiro no papel, de qual a sequência lógica que o slide deve ter para que o público entenda do que você está falando. Lembre-se que pode ter alguém da banca ou na plateia, que não entende do assunto. Fazer essa pessoa entender, significa, que você teve uma ótima didática, que é pontuado na avaliação!

– Opte por não escrever textos longos. Ao invés disso, dê preferência por escrever tópicos contendo palavras-chave ou frases curtas, como no exemplo 1, acima, principalmente daquele assunto que você sabe que vai esquecer, de modo que na hora que bater o olho no slide você lembre do assunto.

– Muitas vezes os alunos acham que colocar um texto grande de discussão vai ser ótimo para ele lembrar (exemplo 2, acima). Só que na hora da apresentação, quando você olha para o slide, e tem muito texto, você fica perdido. Por isso usar palavras-chave ou até ilustrações, como figuras, tabelas e quadros são excelentes estratégias para uma boa apresentação.

– Sempre que usar ilustrações, lembre-se de referenciar. Você pode referenciar os textos do slide ao lado de cada tópico, ou com uma letra bem pequena (fonte 10 por exemplo) no rodapé do slide. Essa é uma forma menos poluída (exemplo 1, acima).

3. Desenvoltura

Outro elemento fundamental é como você se comporta na apresentação, para isso, vou te dar seis dicas tops, para você arrasar na apresentação.

DICA 1: Chegue cedo, organize e teste tudo antes, inclusive se os slides estão ok, se não desformataram (porque no dia, tudo pode acontecer! Fuja dos imprevistos.)

Parece clichê, mas comece pelo começo, inicie a apresentação dizendo seu nome, nome do orientador(a) e título do trabalho. Mesmo que as pessoas sejam conhecidas, faz parte da formalidade do momento.

DICA 2: Não passe todo o tempo lendo slide. E isso está diretamente relacionado à forma que você monta sua apresentação.

Se você montar o slide com textos longos e na hora esquecer, a tendência é ler. Ler o slide o tempo inteiro, demonstra insegurança na apresentação e no assunto, e você pode perder ponto por isso.

Se treinar bastante, você conseguirá identificar o que está esquecendo, e essa parte não pode faltar no slide. Você pode colocar a parte que normalmente esquece na forma de texto com letra de cor diferente ou através de imagens, de modo que você bate o olho, enxerga e fala naturalmente.

Portanto, ensaie a apresentação com um parente, amigo, namorado(a), espelho ou grave um vídeo. Assim será mais fácil perceber as partes onde você esquece alguma informação importante. Digo e repito: O slide é um guia, use ele a seu favor.

A exceção a essa “regra” de não ler os slides, é nos objetivos, onde você pode ler exatamente o que está escrito no slide.

DICA 3: Nunca fique de costas para a banca e para a platéia.

-Se ficar nervoso ou nervosa em olhar para a banca, olhe para alguém da platéia que te transmita confiança e boas energias.

Sabe aquela pessoa que fica balançando a cabeça em sinal que concorda com o que você fala? Quem é essa pessoa? CONVIDA ELA PARA SUA BANCA!

Se você não tiver essa pessoa, olhe para um ponto fixo e/ou imaginário na parede, de modo que a banca ache que você está olhando para platéia ou até para a própria banca.

– Aqui destaco outro elemento importante: conhecer a sala ou auditório onde será a apresentação é fundamental. Assim, nos ensaios, você já imagina como se posicionar. Isso reduz e muito o nervosismo, pois você sente que está tudo sob controle.

– Evite andar muito de um lado para outro da sala, evite também ficar parado e balançando a perna, dê pequenos passos naquela área onde está. Lembre-se, não é uma aula, é uma apresentação formal. Existem aquelas apresentações onde é preciso falar parado em um púlpito, existem as livres, mas não exagere no caminhar.

DICA 4: Fazer uso correto da linguagem técnica.

Você está em uma apresentação acadêmica. É inadmissível usar uma linguagem coloquial. Lembre-se que é uma ocasião formal, faça uso dos termos técnicos corretamente, mas de modo que a platéia entenda o assunto, ou seja, de forma bem clara e objetiva.

DICA 5: A dica 5 é respeitar o tempo, pois isso também é avaliado pela banca.

Quando você começa apresentar, os professores ligam os cronômetros, e tiram ponto se passar do tempo. Por isso, ensaiar é fundamental, tanto para prever o tempo de apresentação, ver a didática e sobretudo treinar o ritmo da fala.

Você não pode falar muito lentamente, nem tão rápido. Fale num ritmo que as pessoas te entendam. Se tiver um ponto que merece maior destaque, fale um pouco mais alto, para chamar atenção da platéia.

DICA 6: Leve uma versão impressa ou no computador do trabalho escrito, para anotar as sugestões da banca na hora da arguição. Pois elas são valiosas para o seu trabalho melhorar ainda mais. Mas como o nome já diz, são sugestões, é preciso que após a apresentação, você converse com o seu orientador sobre o que deve ou não ser acatado.

Quais as possíveis perguntas da banca?

Já parou para pensar nas possíveis perguntas da banca?

Sabia que é possível prever algumas dessas perguntas, principalmente quando a banca é composta por professores que você conhece a linha de pesquisa?

Para prever as perguntas, releia o trabalho na íntegra e olhe o currículo do professor para ver com que o grupo de pesquisa dele trabalha, assim você conseguirá imaginar que tipo de pergunta será feita.

Vou listar nove perguntas corriqueiras em bancas:

1. Se você trabalha com algum fármaco, a banca pode perguntar o mecanismo de ação. Então já tenha ele na apresentação e a resposta na ponta da língua.

2. A banca pode perguntar, qual a sua tese, ou seja, qual a sua proposta de pesquisa.

3. O que você vai fazer depois de concluir a graduação, o mestrado ou doutorado, quais são suas perspectivas? Essa é uma pergunta bem comum 😉

4. Podem ser feitas também perguntas técnicas em relação ao trabalho, e isso vai depender da pesquisa, só você poderá prever.

5. Porque escolheu essa metodologia? Por que não fez de forma x?

6. Como você determinou o tamanho da amostra? Foi cálculo amostral? Foi amostra por conveniência? Foi baseado em outros trabalhos?

7. Fez busca de anterioridade? Essa se aplica para projetos que desenvolvem produtos novos, onde se faz busca de anterioridade para saber se alguém já patenteou esse tipo de produto.

8. Se o seu objetivo não estiver claro, a banca pode perguntar qual objetivo da sua pesquisa. Lembre-se que objetivo é o que você pretende fazer na sua pesquisa

9. Se o trabalho não tiver publicado, podem perguntar qual revista pretende publicar, se vai submeter depósito de patente (para pesquisas que desenvolvem novos produtos).

Ah e eu tenho uma dica extra para você!

A ideia de uma defesa, é que a banca te ajude a refletir acerca dos pontos que possam ser melhorados na pesquisa, de modo a contribuir para a qualidade do seu trabalho e da sua formação. As críticas não são pessoais, são inteiramente profissionais.

Claro, que tem aqueles professores mais conservadores, mas não se intimide nem fique pensando nisso, eles são minoria. Pense positivo, dê o seu melhor e NUNCA ESQUEÇA: NINGUÉM SABE MAIS DO SEU TRABALHO DO QUE VOCÊ, FIQUE TRANQUILO(A), NO FINAL DÁ TUDO CERTO!

E eu não falo isso da boca pra fora. Falo com muita tranquilidade e como uma pessoa que já passou por todas essas etapas. Sempre aprendi muito em todas as bancas em que fui avaliada. Até os comentários negativos, me ajudaram a crescer e ter mais maturidade pessoal e científica.

Uma banca é um grande momento, é o encerramento de um ciclo e início de um ainda melhor. Estude, responda se souber, se não souber, mostre a banca que aquela é uma pergunta relevante e que você vai buscar aquela informação, porque ela pode ser diferencial para melhorar ainda mais a sua pesquisa.

Resumindo

Quer arrasar na sua defesa de TCC, dissertação ou tese? Então se ligue nessas 3 dicas: 1. Use uma roupa formal, 2. Faça slides claros e objetivos que guiem a sua apresentação. 3. Apresente com segurança, lembrando que foi você quem fez seu trabalho, então ninguém naquela sala sabe mais dele que você. Respira, inspira e não pira. Desejo muito sucesso na sua defesa =)

Vamos estender esse post?

O que você achou do post de hoje? Ainda tem alguma dúvida sobre como defender seu TCC, dissertação ou tese? Deixe aqui nos comentários, que ficarei feliz em te responder. Compartilhe esse conteúdo com outros amigos que você sabe que também precisa dessas dicas. Assista o vídeo que postei no youtube sobre esse tema clicando no link: https://www.youtube.com/watch?v=wnXjWTg1GGk

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